31 de outubro de 2008

Imoralidade

Há pouco tempo a esta parte, alguns Órgãos de Comunicação Social portugueses difundiram, com destaque de primeira página, nomes de Deputados ou ex-Deputados que estariam envolvidos no caso denominado “viagens-fantasma”, um esquema montado com Agências de Viagem, através do qual os parlamentares em causa procediam ao desdobramento de bilhetes ou recorriam a facturas de viagens fictícias, para extorquir fundos à Assembleia da República (AR).
O comportamento desses Deputados foi inaceitável, como foi muito grave o facto de a AR só tardiamente ter detectado a situação, permitindo que tivessem decorrido os respectivos prazos de prescrição. Com efeito, o Procurador mandou arquivar o processo, apesar de a burla ascender a 2,5 milhões de euros, confirmando que sempre é verdade que há cidadãos mais iguais do que outros.
Da lista dos Deputados visados pelo inquérito da Procuradoria, constava o nome de José Lello, Deputado do PS e ex-secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, que chegou a ser ouvido pelo Procurador Verdelho, depois da denúncia feita por uma funcionária da «Agência de Viagens Nascimento», que se transferiu depois para a «Agência de Viagens Abreu» e terá reconhecido a prática da burla.
Agora, para cúmulo da imoralidade, venho a saber que o mesmo José Lello ocupa actualmente o cargo de Director Financeiro do Partido Socialista e Presidente do Conselho de Administração da Assembleia da República, sendo este último órgão responsável pela gestão dos fundos da AR e precisamente aquele que José Lello terá defraudado. Parece-me a mesma coisa que pôr a raposa a guardar o galinheiro.

29 de outubro de 2008

Nim, Nim, Nim

Mal foi empossado do cargo de presidente do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP), o médico de Macau, Fernando Gomes, em entrevista ao jornal «Hoje Macau» apressou-se a atacar o Governo português, alegando estar farto dos “NINS” do Estado.
Mas as eventuais “sombras chinesas” que estarão por detrás da sua eleição, parecem ter simpatizado com o som produzido pelos “NINS” e estão já a exercer uma forte influência na sua dialéctica presidencial. É que o senhor presidente do CCP, quando confrontado com o processo de impugnação à sua eleição que corre termos nos tribunais, apenas consegue proferir esses sons que parecem fazer já parte da língua chinesa, e nós ficamos todos sem saber se ele está a falar português ou chinês.

28 de outubro de 2008

Que Presidente, este!

A indignidade eleitoral em que se transformou a reunião plenária do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP), deveria envergonhar quem nela participou e, também, quem se calou perante tantos atropelos à lei e particularmente à ética que deve pautar a postura dos membros do CCP.
O presidente do CCP deveria ser um exemplo do respeito da legalidade e dessa ética que se exige.
Pelos vistos, há quem não pense assim...
Apesar das inúmeras irregularidades que envolveram a eleição do actual Conselho Permanente e que levaram à sua escolha para presidente daquele órgão, o novato presidente do CCP, Fernando Gomes, em entrevista ao jornal «Hoje Macau» disse que “Nem sequer reparei que houveram ilegalidades. (…) Eu não sei o que se passou». Mas o despropósito do presidente não se ficou por aqui, afirmando ainda que não leu nem teve acesso à impugnação, aliás, “nem quis saber”.
O melhor é começar a inteirar-se dos contornos que estiveram na base da sua eleição e do seu Conselho Permanente. É que este já é somente provisório e dificilmente chegará a definitivo.
Com afirmações bacocas como estas, como é que o novo presidente do CCP se quer apresentar como alguém com um mínimo de credibilidade?!

27 de outubro de 2008

Golpada (im)perfeita com "chinesices" à mistura

A reunião plenária do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP), que decorreu no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, nos dias 15 a 17 de Outubro, foi palco da maior “bagunçada” de que há memória no funcionamento do órgão consultivo dos emigrantes.
A ânsia desmesurada de uns habituais abutres em controlarem o Conselho Permanente do referido órgão, levou-os à cegueira absoluta e a cometerem sucessivos atropelos à lei que culminaram numa golpada (im)perfeita com “chinesices” à mistura, que deixa agora o CCP entulhado num lamaçal fétido cujo aroma se irá fazer sentir por esse mundo fora, pelo menos até o Tribunal Administrativo de Lisboa decidir sobre o pedido de impugnação que recai sobre o mesmo.
Foram inúmeros os atropelos cometidos e que estão por detrás de uma eleição viciada do Conselho Permanente e da escolha dos presidentes das comissões. Desde a não aprovação de um Regulamento do Conselho, que expressamente regulasse o acto eleitoral, passando pela constituição ilegal de listas, até à participação no acto eleitoral de elementos estranhos ao processo, tudo valeu para consagrar a vitória da lista B e levar o médico de Macau, Fernando Gomes, à presidência de um Conselho Permanente onde imperam os figurões do costume: um punhado de conselheiros que se tornaram em verdadeiros caudilhos que fazem do seu arbítrio o princípio e o fim do seu mandato.
Tudo isso só serve para desprestigiar ainda mais o Conselho das Comunidades Portuguesas, arrastando no descrédito mesmo os poucos conselheiros que mantêm níveis de qualidade aceitáveis.

Doutorecas e doutorzecos

Há anos que tenho uma relação muito estreita com a Comunidade Portuguesa e acompanho a actividade da banca portuguesa na Suíça.
Conheço alguns directores de escritórios de representação bancária competentes, com sentido deste valor maior que consiste em sermos uma Comunidade honrada e trabalhadora, que merece a maior consideração por parte dos responsáveis e com uma importância que ainda ninguém avaliou.
De outros nem me lembro o nome – ou procuro esquecê-lo como qualquer coisa que não merece ocupar memória.
Choca-me pois, há muitos anos, a incompetência e a falta de respeito de certas pessoas que ocupam posições importantes em instituições com responsabilidade, como é o caso dos bancos portugueses... ou melhor dos escritórios de representação bancária, pois é disso que se trata.
E talvez seja por isso mesmo, por se tratar de simples escritórios de representação é que os conselhos de administração dos grandes bancos portugueses, numa atitude negligente, nos impingem de vez em quando umas “doutorecas” e uns “doutorzecos”, armados em gente importante, mas que exibem uma total incapacidade para o uso de faculdades intelectivas básicas ou para dirigir o que quer que seja, procurando impor-se com a arrogância de uma praga que ameaça destruir o que de distintivo a Universidade havia laboriosamente erigido desde a Idade Média, a saber, a superiorização pelo duro labor do estudo, e a humildade cultural e intelectual. Abandonaram as universidades como entraram: vazios.
Em vez de apostarem em gente da Comunidade, com competência demonstrada e experiência adquirida ao longo de anos, alguns bancos portugueses preferem essas figuras cinzentas das “stôras” e “stôres” importados, como se o “doutorismo” fosse um argumento que, por si só, seja capaz de fazer crescer os resultados financeiros dessas instituições. O certo é que nenhum desses bancos arrisca divulgar os resultados financeiros alcançados pelos respectivos escritórios de representação na Suíça. Esse seria um bom exercício de transparência.

1 de outubro de 2008

Genebra - PWC arrasa ensino especial

Ensino especial
Auditoria da PriceWaterhouseCoopers arrasa por completo o sistema de ensino especial no cantão suíço de Genebra



O relatório final da auditoria realizada aos serviços do ensino especializado do cantão de Genebra pela consultora PriceWaterhouseCoopers (PWC), com data de 23 de Setembro último, é profundamente demolidor e preconiza uma reforma drástica de todo o sistema.

A auditoria da PWC mete a nú um sistema de gestão e funcionamento artesanal e de outro tempo. Dentre as inúmeras falhas apontadas, a PWC refere que: a indicação dos alunos susceptíveis de serem colocados no ensino especial não é acompanhada de uma avaliação médica ou psicológica; as decisões são mal documentadas; os dossiers não estão informatizados nem centralizados; as previsões estatísticas são inexistentes; o papel dos serviços envolvidos está mal definido; o ensino especializado depende de duas direcções de serviços diferentes cujos interesses e objectivos raramente convergem; os critérios de colocação dos alunos no ensino especial não são conhecidos de todo.

O ministro da educação de Genebra, Charles Beer, já reagiu publicamente informando que o Departamento de Instrução Pública (DIP) vai acolher todas as recomendações feitas pela PWC, garantindo que ainda este ano, todo o processo de entrada e saída do ensino especial será alterado. Segundo Charles Beer, todos os alunos -- deficientes ou com dificuldades de escolarização -- serão inscritos no ensino regular. A integração passa assim a ser a palavra de ordem e o envio sistemático de alunos para o ensino especializado será erradicado.

PWC confirma o que já venho denunciando há anos

Um dos principais problemas dos portugueses na Suíça tem a ver com o excessivo número de crianças e jovens que frequentam as designadas “Classes Especiais” ou “Classes Especializadas” do ensino helvético. Na sua larga maioria são crianças e jovens com capacidades normais que foram colocadas indevidamente nessas classes do ensino especial suíço, donde dificilmente conseguem sair para integrar o ensino regular ou para fazer uma formação profissional.

Há longos anos que tenho vindo a denunciar a existência desta situação anómala, atentatória dos direitos das nossas crianças. Recordo que em Junho de 2001, eu e outros portugueses entregamos uma petição (apoiada por 1500 assinaturas) no parlamento de Genebra –- tendo posteriormente sido ouvidos pela Comissão de Educação – solicitando que se pusesse fim às práticas abusivas do DIP e se acabasse com o envio indiscriminado de alunos para o ensino especial.

A referida petição acabou por ser chumbada pelo parlamento, com base num relatório escabroso da Comissão de Educação, que branqueou por completo os “disfuncionamentos” dos serviços do ensino especializado.

Ironia do destino, o relator do referido relatório chamava-se Charles Beers, à época deputado e que agora desempenha as altas funções de ministro da educação do cantão de Genebra.

Como diz o ditado “só os burros é que não mudam” e “mais vale tarde do que nunca”.