Oportunismo deslavado

Reproduzo cópia do “mail” que me foi dirigido ontem (12.11.2007) pelo Embaixador de Portugal na Suíça, Dr. Eurico Paes, que revela um oportunismo deslavado, bem como a adequada resposta que dei ao mesmo.

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Senhor Manuel de Melo

Ainda bem que reagiu à minha carta onde me indignava com a forma como o meu amigo se referia ao desinteresse da Embaixada e meu em particular no que toca ao magno problema da escolaridade especial dos jovens portugueses na Suíça.
Agradeço-lhe as suas sugestões quanto à forma como acha que eu deveria ter actuado neste caso, mas, como quem é o Embaixador aqui sou eu, pauto os meus actos sempre da forma que julgo mais adequada e não segundo as sugestões mais ou menos histérico-mediáticas que alguns amigos me sugerem, ou gostariam que eu actuasse. A propósito, digo-lhe ainda que, se as autoridades suíças se retrataram pela forma menos feliz como, em documento privado e confidencial, se referiram à nossa Comunidade, foi graças à minha acção, discreta e eficaz, com que sempre tenho pautado as minhas atitudes.
Sempre ao seu dispôr.

Eurico Paes
Embaixador de Portugal na Suíça

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Senhor Embaixador Eurico Paes

Por favor, não ofenda mais a minha inteligência e deixe-se desses tiques de arrogância e autoritarismo. Essas não são certamente as características que definem um bom diplomata.
Se as autoridades suíças se retrataram, foi graças à intervenção “histérico-mediática” de várias centenas de portugueses que assumiram a defesa da honra e dignidade de toda uma comunidade, enquanto o seu embaixador enfiava a cabeça na areia, como a avestruz.
Mas também aqui existe uma diferença de nobreza de carácter entre as autoridades suíças, que tiveram a humildade de se retratar, pedindo desculpas à comunidade portuguesa, e o embaixador de Portugal que continua na sua toada altiva e pesporrente, dando fortes sinais de ablepsia.
Já vi que o senhor Embaixador não aceita as sugestões de alguns amigos, mas não resisto a aconselhar-lhe a leitura do romance «Ensaio sobre a cegueira», do nosso José Saramago. Como disse o autor na apresentação pública da sua obra, «através da escrita, tentei dizer que não somos bons e que é preciso que tenhamos coragem para reconhecer isso». Esse é certamente um bom princípio, que muito o ajudará na sua nobre e honrosa missão de diplomata.
Sei que a culpa não é do embaixador de Portugal, é de um Estado para quem a representação da defesa dos interesses dos seus nacionais tem muito pouca importância.
Sempre ao seu dispor.

Manuel de Melo
Conselheiro da Comunidade Portuguesa

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