Raiva e revolta

Já lá vão dois anos que impus a mim próprio a lei do silêncio no que respeita a manifestações de opinião sobre assuntos ligados aos portugueses no estrangeiro. Tal decisão deveu-se a uma necessidade pessoal em me afastar do calor da discussão de muitos temas que afetam as nossas comunidades emigrantes, os quais exigem uma reflexão séria e distanciada de análises emocionais.

O ditado diz que «Quem está de fora, às vezes vê melhor». É nessa situação privilegiada que me encontro atualmente: fora de Partidos; fora de Consulados; fora de organizações de emigrantes. Por isso mesmo sinto que a minha opinião poderá ser agora mais interessante do que anteriormente, mesmo sabendo que todas as opiniões são necessárias.

Como cidadão que sempre militou por causas cívicas em prol das nossas comunidades emigrantes, sinto-me agora no dever e obrigação de retomar a defesa dos interesses dos portugueses residentes na Suíça, particularmente no momento em que os mesmos são alvo do maior desprezo por parte dos nossos governantes.

Nunca imaginei que uma simples greve de trabalhadores consulares, que apenas reclamam melhores condições salariais, pudesse levar os nossos governantes a degradarem tanto a imagem do nosso país na Suíça.

Nunca pensei que os portugueses que trabalham e residem na Suíça valessem tão pouco aos olhos dos nossos responsáveis governativos.

Nunca me passou pela cabeça, apesar de algumas experiências pessoais negativas, que os servidores do Estado português no estrangeiro fossem tratados como escória, que tem de ser rapidamente lançada para o caixote do lixo.

Aquilo que sentem hoje os funcionários consulares e os emigrantes portugueses na Suíça, é o mesmo que eu sinto: um sentimento misto de raiva e revolta contra aqueles que tanto nos desprezam e humilham aos olhos do país de acolhimento.

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