Imoralidade

Há pouco tempo a esta parte, alguns Órgãos de Comunicação Social portugueses difundiram, com destaque de primeira página, nomes de Deputados ou ex-Deputados que estariam envolvidos no caso denominado “viagens-fantasma”, um esquema montado com Agências de Viagem, através do qual os parlamentares em causa procediam ao desdobramento de bilhetes ou recorriam a facturas de viagens fictícias, para extorquir fundos à Assembleia da República (AR).
O comportamento desses Deputados foi inaceitável, como foi muito grave o facto de a AR só tardiamente ter detectado a situação, permitindo que tivessem decorrido os respectivos prazos de prescrição. Com efeito, o Procurador mandou arquivar o processo, apesar de a burla ascender a 2,5 milhões de euros, confirmando que sempre é verdade que há cidadãos mais iguais do que outros.
Da lista dos Deputados visados pelo inquérito da Procuradoria, constava o nome de José Lello, Deputado do PS e ex-secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, que chegou a ser ouvido pelo Procurador Verdelho, depois da denúncia feita por uma funcionária da «Agência de Viagens Nascimento», que se transferiu depois para a «Agência de Viagens Abreu» e terá reconhecido a prática da burla.
Agora, para cúmulo da imoralidade, venho a saber que o mesmo José Lello ocupa actualmente o cargo de Director Financeiro do Partido Socialista e Presidente do Conselho de Administração da Assembleia da República, sendo este último órgão responsável pela gestão dos fundos da AR e precisamente aquele que José Lello terá defraudado. Parece-me a mesma coisa que pôr a raposa a guardar o galinheiro.

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