Separe-se o trigo do joio

Recentemente fui contactado e entrevistado por dois investigadores do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, que se deslocaram à Suíça para dar seguimento a um projecto de investigação interessantíssimo, cujo objectivo final consiste em alargar a nossa compreensão a respeito de novas formas de mobilidade e da relação dos imigrantes com os países de acolhimento. O estudo pretende mapear práticas transnacionais de migração e produzir conhecimento de modo a delinear políticas destinadas a regular aspectos de integração nas sociedades europeias no futuro próximo. Para potenciar a realização deste objectivo, esse projecto integra-se num consórcio de projectos europeus que reúne um grupo de investigadores possuidores de um vasto conhecimento científico nos domínios do transnacionalismo, estudos migratórios, circulação de migrantes e políticas de integração, designadamente: Michael Eve (Fieri, Torino), Thomas Faist (Comcad, Universidade de Bielefeld), Thomas Lacroix (Miginter, niversité de Poitiers), Marco Martiniello e Hassan Bousetta (Cente d’Études de l’Ethnicité et des Migrations, Universidade de Liège), Rinus Pennixnx (Imes, University Amsterdam) e Gianni D’Amato (Swiss Fórum for Migration).
A análise de diferentes actividades transnacionais, das suas causas e dinâmicas, pressupõe que a equipa portuguesa participante nesse projecto se debruce sobre as práticas do migrantes transnacionais provenientes de Cabo Verde a residir em Portugal e dos migrantes portugueses residentes na Suíça. O projecto combina três tipos de metodologia: análise documental; entrevistas a informadores privilegiados; e histórias de vida a actores transnacionais.
Para o desenvolvimento do projecto, a equipa de investigação portuguesa, constituída pelos investigadores Maria Baganha, José Carlos Marques e Pedro Góis, apresentou um pedido de apoio financeiro à Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas, o qual foi recusado por alegada falta de verbas.
Tendo em conta a importância deste projecto, discordo dessa recusa e a reiterada desculpa das dificuldades orçamentais não pode servir para justificar o injustificável. Afinal os fundos do FRI (Fundo para as Relações Internacionais) têm continuado a servir para apoiar inúmeras iniciativas de carácter duvidoso e as políticas dirigidas aos portugueses no estrangeiro devem resultar de projectos e estudos de desenvolvimento social sérios e credíveis.
Se os recursos financeiros são escassos, separe-se o trigo do joio.

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