Quem é que os pode levar a sério?!

No final de uma reunião com o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, no passado dia 12 de Janeiro, o presidente do Conselho Permanente das Comunidades Portuguesas (CCP), Carlos Pereira, citado pela agência Lusa, manifestou-se «esperançoso num eventual recuo do Governo no projecto de reestruturação consular». O presidente daquele órgão de consulta do governo para as questões da emigração afirmou ainda que o secretário de Estado «se mostrou bastante interessado nas propostas apresentadas pelo CCP».
Ora, como bem sabe o presidente do CCP, o governo apresentou apenas aos parceiros - Conselho das Comunidades Portuguesas e Sindicato dos Trabalhadores Consulares – um documento de trabalho elaborado pela secretaria de Estado das Comunidades, não validado, que dá suporte a uma proposta de reestruturação consular onde se mantém ainda tudo em aberto, como já foi reiteradamente afirmado pelo próprio governante. Pelo que neste caso, falar em recuos de uma das partes é deselegante e não faz qualquer sentido, sobretudo quando se está no auge de uma negociação, revelando apenas imaturidade e falta de habilidade negocial.
Olhando para as propostas do CCP – diga-se do Conselho Permanente – a única coisa que se retira é uma enorme contradição. Por um lado dizem os conselheiros permanentes que «compreendem e partilham a necessidade de gerir, da forma mais rigorosa possível, os fundos públicos. Por isso, nunca nos oporemos a qualquer reforma que racionalize a rede e os serviços, de forma a fazer economias». Depois exigem a abertura de uma panóplia de novas estruturas consulares, particularmente em França e, em jeito de conclusão, recusam o plano de reestruturação consular apresentado pelo governo. Para um órgão que ainda não se conseguiu afirmar, esta atitude perplexa significa aumentar ainda mais o seu capital de descrédito.
O que o CCP ainda não se mostrou capaz é de aduzir argumentos convincentes que levem o governo ao «eventual recuo» que o «esperançoso» presidente tanto espera. A haver alterações à proposta inicial do governo de reforma consular – e acredito que elas irão ter lugar - certamente não será por influência do Conselho Permanente das Comunidades.

Mensagens populares deste blogue

Painel de azulejos assinala presença portuguesa em Genebra

Complot dita fim do programa PORTUGALIDADES

O implícito do óbvio