Um bom amigo para sempre

Ainda não quero acreditar que o nosso amigo Joaquim Magalhães nos deixou. E creio que nunca acreditarei, pois o Magalhães não é homem para deixar os amigos. Ele apenas está a repousar de tantos sofrimentos, de tantas lutas... a última das quais, certamente a mais desgastante, contra a própria morte. Disseram-me amigos comuns, que a última batalha travada pelo Joaquim Magalhães foi muito sofrida. O nosso amigo não merecia isso. Portanto, eu que nunca acreditei em Deus, cada vez continuo mais céptico.
É com o maior desconforto que eu vejo partir o meu amigo Joaquim Magalhães. A vida continua a deitar fora os melhores dentre nós. Como é possível que tanta vitalidade, tanta sensibilidade pelos mais desfavorecidos, tanta entrega pelas causas cívicas, tanta alegria e amizade pelos outros, tenham desaparecido... assim... dói, como eu nunca pensei alguma vez que doesse.
Conheci o Joaquim Magalhães em São Paulo, numa visita que efectuei àquela cidade juntamente com os amigos comuns Carlos Luís e Miguel Reis, em nome do Partido Socialista, quando a alegria, a criatividade e a crença nos valores socialistas da amizade e da solidariedade lhe estava estampada nos olhos e o fazia correr como um louco incansável. Nessa ocasião, despedi-me do Joaquim Magalhães com a convicção e o orgulho de termos em São Paulo um homem de enorme qualidade, conhecedor profundo da comunidade portuguesa ali residente, e com capacidade demonstrada para nela intervir eficazmente em defesa dos interesses dos nossos compatriotas emigrantes.
Ao longo dos anos mantivemos sempre uma grande e respeitosa amizade, e acompanhei de perto o trabalho fabuloso desenvolvido pelo meu amigo Magalhães em prol da comunidade portuguesa de São Paulo e do Partido Socialista que ele representava. Impressionou-me sempre a sua disponibilidade e dinamismo com que encarava a sua missão. Sempre em prol dos outros e à custa de muitos sacrifícios pessoais e da sua família. O PS nem sempre o tratou bem, mas nem por isso o Joaquim Magalhães se queixava e muito menos lhe virou as costas. É tempo dos responsáveis socialistas em Lisboa repararem uma parte do erro – a outra tornou-se irreparável – e preocuparem-se um bocadinho com a família do Magalhães (mulher e filha). Sei que têm grandes dificuldades económicas, por isso temos todos a obrigação de os ajudar.
A morte do nosso amigo Joaquim Magalhães é uma perda irreparável para a sua família, para o Partido Socialista, mas também para a comunidade portuguesa e para os inúmeros amigos que deixou.
Meu caro Magalhães, onde te encontrares e quando olhares para nós, saberás que sempre pensaremos em ti. Foste e serás um bom amigo para sempre.
Para a família e para os outros amigos do Joaquim Magalhães um abraço sentido neste momento de tão dolorosa perda.

Mensagens populares deste blogue

Painel de azulejos assinala presença portuguesa em Genebra

Complot dita fim do programa PORTUGALIDADES

O implícito do óbvio